Cheias em Oeiras causam prejuízos superiores a cinco milhões
As fortes chuvas registadas desde a semana passada em Oeiras provocaram prejuízos de pelo menos cinco milhões de euros no concelho, disse hoje o presidente do município, num balanço provisório.
A estimativa foi indicada por Isaltino Morais em declarações aos jornalistas durante uma visita da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a locais afetados pelo mau tempo no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa.
A verba refere-se aos estragos provocados na semana passada, na noite de 07 para 08 de dezembro, e na terça-feira (dia 13).
Isaltino Morais espera que os primeiros apoios possam começar a ser entregues no "início de janeiro".
Um primeiro relatório preliminar após a precipitação registada na semana passada tinha contabilizado 3,6 milhões de euros de prejuízo no comércio local, o que levou a autarquia a anunciar um fundo de apoio de 1,5 milhões de euros.
"Em relação à ajuda, naturalmente a Câmara Municipal estabeleceu um fundo de 1,5 milhões de euros destinado particularmente a apoiar comerciantes e famílias com prejuízos significativos durante as cheias. Nessa altura contabilizámos cerca de 3,7 milhões de euros e foi em função disso que estabelecemos o fundo de 1,5 milhões. Depois das cheias de terça-feira já apurámos prejuízos, porque as nossas equipas entraram no terreno, e, neste momento, este prejuízo (...) está na ordem dos cinco milhões de euros em números redondos, mais 100 menos 100", disse Isaltino Morais.
O autarca explicou que pode não ser necessário alterar o fundo até porque a Câmara estabeleceu um 'plafond'".
"É possível que a câmara municipal possa alterar esses fundos, mas, neste momento, não me parece ainda ser necessário até porque estabelecemos um 'plafond' em função de escalões. O apoio vai ser dado, a percentagem vai variar em função do escalão de prejuízo, que começa em 50% para prejuízos que vão até cinco mil euros e termina em cerca de 20% para prejuízos acima dos 100 mil euros", explicou.
De acordo com Isaltino Morais, a Câmara poderá estar em condições de fazer esse pagamento a partir de 15 de janeiro,
"Os comerciantes precisam de apoio rapidamente tal como vimos. O de infraestruturas pode ser apoiado pelo Governo mais tarde, mas agora os comerciantes para poderem abrir têm de receber ajuda nos próximos 15 dias ou um mês", disse.
O autarca disse ainda que o processo para pedir apoio vai ser rápido, tendo as equipas já feito um levantamento, sendo agora necessário a formalização da candidatura dos comerciantes, que podem beneficiar do apoio da Câmara a fundo perdido.
A Baixa de Algés, no concelho de Oeiras, ficou na terça-feira de manhã "intransitável" devido às fortes chuvas registadas durante a noite, tal como na semana passada, quando se verificou a morte de uma mulher de 75 anos, na sequência de uma inundação na sua habitação.
Ruas, lojas, restaurantes, habitações, estacionamentos e a estação de Algés, que ficou a funcionar na quarta-feira, foram fortemente afetados pelo mau tempo. O Centro de Saúde deverá, segundo o presidente de Oeiras, reabrir nos próximos dois a três dias, podendo os utentes utilizar os centros de Linda-a-Velha ou Carnaxide em alternativa.
A Proteção Civil registou mais de 7.950 ocorrências em território nacional, 4.841 inundações e 88 desalojados desde a semana passada, quando começou o quadro de instabilidade meteorológica.
Num ponto de situação feito hoje à agência Lusa, com dados desde as 00:00 de dia 07 e até às 08:00 de hoje, José Costa, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), disse que estiveram envolvidos nas operações 29.651 operacionais e 9.803 meios terrestres.
No total, foram registadas 7.954 ocorrências, a maioria das quais inundações (4.841), seguidas de limpezas de vias (1.017).
O mau tempo que se fez sentir desde a semana passada deixou 88 pessoas desalojadas - "que entretanto podem já ter sido realojadas ou estar em centros de apoio à população" - e provocou ainda 961 quedas de árvores, 573 quedas de estruturas e 527 movimentos de massa (deslizamentos de terras), acrescentou o responsável.
Os distritos mais afetados foram Lisboa, com 4.281 ocorrências, Setúbal (849), Santarém (461), Coimbra (343) e Portalegre (307).